sexta-feira, 14 de agosto de 2009

O bem pelo mal...



Não se deve pagar o mal com o mal;


O homem deve aceitar com humildade tudo o que seja de molde


a lhe abater o orgulho;

Maior é a glória que lhe advém


de ser o ofendido do que o que ofender,


de suportar pacientemente uma injustiça do que de praticá-la;


mais vale ser o enganado do que o enganador,


o arruinado do que arruinar os outros...

Capítulo 11...









Não vos disse o Cristo que há mais honra e valor em apresentar a face esquerda aquele que bateu na direita, do que em vingar uma injúria?
Não disse ele a Pedro, no jardim das Oliveiras:

"Embainha de novo a tua espada, porquanto, aquele que matar com a espada perecerá pela espada?"

Assim falando, não condenou, para sempre, o duelo? Efetivamente, meus filhos, que é essa coragem oriunda de um gênio violento, de um temperamento sangüíneo e colérico, que ruge à primeira ofensa? Onde há grandeza d'alma daquele que, à menor injúria, entende que só com sangue a poderá lavar?

Ah! que ele trema! No fundo da sua consciência, uma voz lhe bradará sempre: Caim! Caim! que fizeste de teu irmão? Foi-me necessário derramar sangue para salvar a minha honra, responderá ele a essa voz, Ela, porem, retrucará:

Procuraste salvá-la perante os homens, por alguns instantes que te restavam de vida na Terra, e não pensaste em salvá-la perante Deus! Pobre louco! Quanto sangue exigiria de vós o Cristo, por todos os ultrajes que recebeu! Não só o feristes com os espinhos e a lança, não só o pregastes num madeiro infamante, como também o fizestes ouvir, em meio de sua agonia atroz, as zombarias que lhe prodigalizastes, Que reparação a tantos insultos vos pediu ele? O último brado do cordeiro foi unica súplica em favor dos seus algozes!

Oh! como ele, perdoai e oral pelos que vos ofendem.

"Amai-vos uns aos outros" e, então, a um golpe desferido pelo ódio respondereis com um Sorriso, e ao ultraje com o perdão.

O mundo, sem dúvida, se levantará furioso e vos tratará de covardes; erguei bem alto a fronte e mostrai que também ela se não temeria de cingir-se de espinhos, a exemplo do Cristo, mas, que a vossa mão não quer ser cúmplice de um assassínio autorizado por falsos ares de honra, que, entretanto, não passa de orgulho e amor-próprio.

Ó estúpido amor-próprio, tola vaidade e louco orgulho, quando sereis substituídos pela caridade cristã, pelo amor do próximo e pela humildade que o Cristo exemplificou e preceituou? Só quando isso se der desaparecerão esses preceitos monstruosos que ainda governam os homens, e que as leis são impotentes para reprimir, porque não basta interditar o mal e prescrever o bem; é preciso que o princípio do bem e o horror ao mal morem no coração do homem.



-Um Espírito protetor. (Bordéus, 1861.) Ev. Seg Espiritismo





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