terça-feira, 28 de dezembro de 2010

O Haver - Vinicius -




Resta acima de tudo, essa capacidade de ternura
Essa intimidade perfeita com o silêncio
Resta esta voz timida pedindo perdão por tudo:
_Perdoai! Eles não tem culpa de ter nascido...
Resta este antigo respeito pela noite, esse falar baixo
Essa mão que tateia antes de ter, esse medo de ferir tocando,
Essa forte mão de homem cheia de mansidão para com tudo o que existe

Resta essa imobilidade, essa economia de gestos
Essa inércia cada vez maior diante do infinito
Essa gagueira infantil de quem quer exprimir o inexprimível
Essa irredutível recusa à poesia não vivida
Resta essa comunhão com os sons, esse sentimento
Da matéria em repouso, essa angustia da simultaneidade do tempo
Essa lenta decomposição poética
Em busca de uma só vida, uma só morte, uma só Giorgia
Resta esse coração queimando como um círio
Numa catedral em ruínas, essa tristeza diante do cotidiano;
Ou essa súbta alegria ao ouvir passos na noite
Que se perdem sem histórias...

Resta essa vontade de chorar diante da beleza
Essa cólera diante da injustiça e do mal-
entendido
Essa imensa piedade de si mesma,
Essa imensa piedade de si mesma e dessa força inútil

Resta esse sentimento de infancia subtamente destranhado
De pequenos absurdos
Essa capacidade de rir à toa, esse ridículo desejo de ser útil
E essa capacidade de comprometer-se sem necessidade

Resta essa distração, essa disponibilidade, essa vagueza
De quem sabe que tudo já foi como será no vir-a -ser
E ao mesmo tempo essa vontade de servir
Essa comtemporaneidade com o amanhã dos que não tiveram ontem nem hoje

Resta essa faculdade incoercível de sonhar
De transfigurar a realidade dentro desta incapacidade
De aceitá-la tal como é,
E essa visão ampla dos acontecimentos
E essa impressionante e desnecessária presciência
E essa memória anterior de mundos inexistentes
Resta esse heroísmo estático, e essa pequenina luz indecifrável
A que, às veses, os poetas dão o nome de esperança
Resta esse desejo de sentir-se igual a todos
De refletir-se em olhares sem curiosidade
E sem memória
Resta essa pobreza intrínseca, essa vaidade
De não querer ser princesa, senão de seu reino

Resta esse diálogo cotidiano com a morte
Essa curiosidade com o momento a vir
Quando, apressada, ela virá me entreabrir a porta
Como uma velha amante
Mas recuará em véus ao ver-me junto à bem amada...

Resta esse constante esforço para caminhar dentro do labirinto
Esse eterno levantar-se depois da queda
Essa busca de equilibrio no fio da navalha
Essa terrível coragem diante do grande medo
E esse medo infantil, de ter pequenas coragens...













segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Thais Martins










A sua voz


é o calar da minha noite



Seus olhos


a luz das minhas milhares de estrelas


E eu sou um rio agitado e velho


desaguando no oceano imenso do teu amor



















Você é um dia de chuva quieto e sorrateiro


um ponto definido do que sou


















Você é a tradução do amor do anjos


a inocencia no apelo da criança


A mensagem luminosa do céu




A fé, a ternura e a esperança

A complacencia do acorde

nos lampejos do nascer do dia

É um misto de medo e nostalgia


Seu silêncio é a chama que brilha

como uma noite de lua cheia

onde o ritual da paz tem o sabor do mel da natureza

Sua companhia tem o perfume

do poder de despertar a sensibilidade
Tu és a força que acorda a emoção

e conduz como um cirio iluminando o paraíso

Sua paz é fiel, verdadeira e solitária
que não deixa de ser amante e solidária
como um nascente de sonhos
nas verdades de cada um...
(sua Gi),,,
Thais Martins,
Admiro tudo o que você é a amo com tudo de mim...
Obrigada por me devolver à mim...